De onde emergem os nervos, 2017

A partir da ideia de que tudo nos afeta e que somos como colagens, fusões de emoções, vivências e crenças, em De onde emergem os nervos, Sheila Oliveira explora a interação entre nossas emoções e nossos corpos. Essa conexão profunda entre o mundo interno e o mundo externo nos lembra da importância de reconectar-nos com nós mesmos em um mundo cada vez mais mecanizado e virtual.

A apropriação das obras de Andreas Vesalius e Athanasius Kircher por parte da artista ressalta a relevância histórica e contemporânea do diálogo entre arte, ciência e filosofia. "De humani corporis fabrica" de Vesalius, uma obra revolucionária na representação visual do corpo humano, demonstra como a exploração da anatomia não apenas aumentou nosso conhecimento físico, mas também desencadeou uma profunda compreensão da nossa própria natureza. Por outro lado, "Ars Magna Lucis et Umbrae" de Kircher, com sua exploração da luz e da sombra, pode ser vista como uma metáfora para a interação entre as partes conscientes e inconscientes de nossa existência, assim como uma analogia a fotografia, como habitualmente a artista carrega em suas obras.

No entanto, à medida que nos voltamos para a contemporaneidade, percebemos que o ritmo acelerado da vida moderna muitas vezes nos leva a um estado de automação, desconexão e superficialidade. A vida virtual, com seu constante fluxo de estímulos, nos afasta cada vez mais da percepção de nosso próprio corpo e de nossas verdadeiras emoções. Nesse cenário, as reflexões propostas por Sheila Oliveira se tornam ainda mais pertinentes, nos convidando a pausar e refletir sobre como estamos vivenciando nossas vidas e como podemos estar mais presentes em nossas próprias essências.

Ao explorar a influência das emoções em nossos corpos, Sheila Oliveira nos lembra que somos seres complexos, feitos de camadas de experiências e sentimentos. Essa tomada de consciência nos permite abraçar nossa humanidade de maneira mais profunda e autêntica, rompendo com a automatização que muitas vezes nos aprisiona.

De onde emergem os nervos, de Sheila Oliveira, é uma obra que ressoa com a busca contemporânea por autenticidade e conexão. Ao unir os ensinamentos de Vesalius e Kircher com as preocupações de nosso tempo, a artista nos convida a reconhecer a importância de nos reconectarmos com nós mesmos, com nossos corpos, transcendendo a mera superficialidade da vida moderna.